sábado, 8 de setembro de 2012

Alergia às proteínas do leite de vaca


Cerca de 5% das crianças, com idade inferior a 3 anos, tem alergia às proteínas do leite de vaca. Os sintomas de alergia aparecem, muito frequentemente, durante o 1º ano de vida ocorrendo umas horas ou até 1 ou 2 semanas após ingestão de produtos que contenham proteínas do leite de vaca. Os sintomas são diversos, enquadrando-se em várias situações clínicas, por essas razão, às vezes, é difícil e moroso a identificação da alergia. Os sintomas mais frequentes são problemas gastrointestinais (prisão de ventre, vómitos, cólicas, refluxo, fezes pastosas/líquidas e muito frequentes) e as manifestações cutâneas (pele vermelha, começado por aparecer, em geral, no queixo e comichão) mas pode provocar, estes menos frequentemente, problemas respiratórios (bronquiolites, pieira, tosse), otites, entre outros. As causas da alergia às proteínas do leite de vaca prendem-se com fatores genéticas (a existência na família de pessoas com este tipo de alergias) e , o mais habitual,  é o aparelho digestivo e os intestino do bebé, por serem ainda imaturos, não estarem preparados para receber e "decompôr" este tipo de proteínas. São raros os adultos que têm alergia às proteínas do leite de vaca, cerca de 80-90% das crianças deixa de ser alérgica entre os 2 e os 3 anos. 

Há seis anos, foi detectada esta alergia na nossa pimpolha mais velha, tinha na altura 2 meses e meio, aconteceu durante a primeira semana em que começou a tomar suplemento, até então mamava exclusivamente, e o sintoma foi a vermelhidão no queixo. Depois de uma noite passada, em claro, no hospital, com direito a 5 enfermeiros a agarrá-la para lhe tirar sangue, sem conseguir ao fim de 45 minutos, e em que a fonte de alimentação foi somente mama, de manhã a vermelhidão tinha quase desaparecido e o diagnóstico foi: alergia às proteínas do leite de vaca. Naquelas horas no hospital, passaram-me tantas coisas e cenários pela cabeça, que este diagnóstico foi um alívio. Segui-se uma visita a um pediatra-alergologista e a realização dos testes cutâneos, que confirmaram a alergia, numa escala de 1 a 5 ela tinha 4, às 3 principais proteínas do leite de vaca.

O pediatra-alergologista alertou-nos, desde logo, da propensão da pequena desenvolver outras alergias alimentares e problemas respiratórios, o que, felizmente, não aconteceu. Foi realizando os teste cutâneos e fazendo análises ao sangue 1 ou 2 vezes por ano e curiosamente, os resultados das análises ao sangue acusavam um grau de alergia muito mais baixo que o dado pelos testes cutâneos. O pediatra-alergologista explicou-nos que as análises eram mais para saber os níveis da IgE (o nível de anticorpos produzidos no combate a reações alérgicas e em reações de defesa do organismo contra infecções parasitárias), são esperados níveis de IgE elevados em indivíduos com propensão ou possuidores de alergias, pois para saber o grau da alergia, os teste cutâneo são muito mais fidedignos. 

Aos dois anos e meio, a pequena deixou de fazer alergia às proteínas do leite de vaca :). Durante estes dois anos, a nossa pequena teve os precalços próprios da idade e tivemos apenas cuidados na alimentação tais como: introdução do peixe, do ovo, citrinos e do alho francês só depois dos 12 meses, leite, até aos 12 meses, com as proteínas do leite hidrolisadas, papas sempre não lácteas, iogurtes, manteiga e leite só de soja, nada de bolachas maria e muitas outras. É necessário ter muita atenção aos rótulos dos produtos (nada com vestígios de leite, manteiga, leite em pó, soro de leite, caseína, caseinato, lactose, lactoalbumina, lactoglobulina, fiambre, salsichas, etc.). Existem muito produtos no mercado que não contém nenhum vestígio de leite, ou das suas proteínas, é só uma questão de procurar e nunca esquecer de ler, com atenção, os rótulos. Nesta minha leitura regular de rótulos, apercebi-me que é muito mais limitativo, a nível alimentar, ter alergia ao glúten ou ao ovo do que às proteínas do leite de vaca. 

Entretanto, por precaução, os nossos pequenos "seguintes" não ingeriram qualquer produto lácteo antes dos 6 meses, mamaram exclusivamente até essa idade, e, felizmente, não desenvolveram qualquer tipo de alergias. 
Na nossa experiência, a alergia às proteínas do leite de vaca conduziu a um maior cuidado também com a nossa, pais, alimentação passando esta a ser mais saudável. O importante é perceber que enquanto a alergia persistir não se pode dar nenhum produto com leite e derivados à criança, pois isso despoleta, novamente, todo o processo alergénico, normalmente com reações mais violentas, e adiando o desaparecimento da alergia, esta é a parte mais difícil de explicar às pessoas de fora. Frase como "coitadinha, os outros meninos comem e ela não, deixem lá, é só um bocadinho, não faz mal" são típicas. O segredo é trazer sempre na mochila bolachas que eles possam comer e dar nestas alturas. Igualmente importante, é alertar o infantário ou as pessoas que cuidam/ficam com a criança, na ausência dos pais, para as limitações na alimentação da criança e no seguimento à risca das indicações dadas pelos pais e pediatra. Nós nunca tivemos nenhum problema e agora tudo está superado!   
Atenção: não confundir alergias às proteínas do leite de vaca com a intolerância à lactose

2 comentários:

Ana Simoes disse...

Obrigado Amiga! És uma querida!
Este bebecas esta a dar-nos agua pela barba. Mas como dizes no meio de todos os cenários que possamos imaginar enquanto forem estas coisas que embora limitativas permitem que eles vivam uma vida normal e saudável menos mal.
Bj

Pi disse...

O que nos devemos sempre lembrar é a parte da vida normal e saudável, tudo o resto são pormenores! Beijocas e vais ver que daqui a 3 anos tudo passou mas que muitos dos hábitos (saudáveis) se mantém :)! Bjos xl

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