sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Os pequenos, o pano e a(s) preta(s)

Ouvi alguém um dia destes comentar "Detesto como algumas mães transportam os bebés, parecem as pretas em África!". E, na altura, lembro-me de ter pensado "Senhores, o que teria sido de mim e do pequeno do meio se não fosse o pano e o «método das pretas»!" Fui "mãe à preta" com muito gosto, voltaria a sê-lo sem hesitações, e recomendo...   
Ao mês e meio, o pequeno do meio apresentava um quadro clínico identificado como refluxo gastroesofágico. O refluxo gastroesofágico ocorre, nos bebés, devido à imaturidade da válvula (cárdia), que se encontra entre o esófago e o estomâgo, e faz com que o leite ingerido e o suco gástrico "voltem" à boca. A maioria dos bebés, tem sintomas ligeiros sendo os mais frequentes: o bolsar ao fim de cada mamada e/ou vómitos esporádicos. 

O pequeno do meio não apresentava sintomas comuns nem ligeiros. Ele tinha ataques de tosse frequentes, provocados pelo suco gástrico que devido à sua acidez, lhe "irritavam a garganta". Durante os ataques de tosse mais fortes, ficava todo vermelho e com falta de ar. Era aflitivo ver uma criança tão pequena com falta de ar e a tossir como gente adulta quando está no pico de um gripalhada fortíssima. Com a maturação do aparelho digestivo e da cárdia e com a introdução da alimentação sólida, os sintomas têm tendências a ser mais ligeiros ou a desaparecer. Mas e até lá? Pois, são ainda uns longos meses... 
Estratégias: eleva-se a cabeceira da cama (30º), a seguir a mamar coloca-se o bebé, 30 minutos, na vertical, as fraldas são mudadas antes da mamada, o bebé mama numa posição mais sentada e mama mais frequentemente para ingerir em menor quantidade e causar menos desconforto... e se mesmo assim não melhorar muito? E se o médico, não querendo medicar umbebé pequeno, diz quanto mais tempo ele estiver totalmente na vertical, melhor será para ele! Ora perante a tosse, as faltas de ar e o desconforto visível mas prinicipalmente as faltas de ar, que não me deixavam dormir nem estar descansada, não hesitei, pesquisei e, por recomendação da Ana Salgueiro, adquiri um pano , tipo à "preta". Foi a melhor opção que podia ter tomado! Eu, o pano e o pequeno do meio tornámo-nos inseparáveis, ele passava do dia inteiro no pano, em casa, na rua, na cozinha e muitas noites também, normalmente só o colocava na cama entre a 1h00 e as 6h00 e nunca estava muito descansada, apesar de ele estar ali mesmo ao meu lado ... Aos poucos, foi melhorando e aos 6 meses quando introduzimos a alimentação sólida, melhorou substancialmente... Se com o pano, estes primeiro meses não foram fáceis, nem quero, nem gosto de imaginar o que teriam sido sem ele... Ao 1,5 ano praticamente não apresentava sintomas do refluxo. Curiosamente, sempre que fica doente, esse é um dos primeiros sintomas, ainda hoje, passados 6 anos ... 
O pequeno do meio andou no pano até quase aos 2 anos, porque sem refluxo ou com, ambos gostávamos desta forma de transporte cómoda, prática e tão perto do coração :) 
Com a pimpolha mais nova, não utilizei o pano tão intensamente pois, felizmente, não teve refluxo, mas deu-lhe uma boa rodagem nomeadamente quando saía sozinha com três, uma mão para cada um e ela no pano, em casa, para tratar dos manos, fazer as refeições, etc ... E se tivesse outro filho, não tenho dúvidas que o pano continuaria a ser o nosso fiel amigo/companheiro do dia a dia!






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