"Emprestas-me a afiadeira?" pergunta ao colega. "Afiadeira???? Afia, qual afiadeira!" e foi a risota geral na sala e o moço, acabadinho de chegar do Alentejo profundo, ficou todo envergonhado e sem saber o que dizer.
Reconheci aquela situação, que eu pópria já vivenciei várias vezes e pensei, vamos a isto, estes não me escapam: "Pois bem meu meninos, vamos deixar as potências e as suas regras operatórias e vamos a uma "regra" da Língua Portuguesa. O vosso colega disse, e muito bem, afiadeira, é assim que se chama, afia é apenas uma abreviatura, e mais vos digo também se pode chamar apara lápis! Para a próxima disfarcem melhor a vossa ignorânica, palavras sinónimas, sabem o que é? Aplica-se neste caso, regiões diferentes utilizam, por vezes, termos diferentes, o que não significa que não sejam todos igualmente válidos, ok? Perceberam a mensagem?" e o silêncio imperou na sala e diz o alentejano todo orgulhoso "Eu tinha razão! Pensam o quê? No meu querido Alentejo, não há cá dessa abrevia quê, professora?". "Abreviaturas, rapaz!" e rimo-nos todos mas, neste caso, em conjunto.
Quantas vezes fui/sou olhada com ar de gozo quando dizia/digo:
- porta minas quando muitos lhe chamam lapiseira
- esferográfica quando o usual é dizer caneta
- roupeiro ou guarda vestidos quando o in é guarda roupa
- sombrinha quando o aceitável é guarda chuva. A moda de pendurar chapéus de chuva, nas ruas no verão, para além do efeito estético, não será para que tenhamos sombrinha? Digo eu...
- sapatilhas quando toda a gente sabe que é de ténis que a malta jovem gosta. Será esta modalidade desportiva ter estado/estar na moda?
- papeseco em vez de carcaça, esta só me faz lembrar os urubus
- maçã em vez de pêro. "Quero um pêro!" ainda hoje me soa muito mal, esta coisa de um pessoa pedir porrada a outra "não me entra na cabeça", literalmente ...
- pão de deus em vez de arrufada. Uma arrufada é tipo um pão de leite redondo com açúcar por cima, comi muitas na minha infância! O pão de deus têm uma massa mais fofa que as arrufadas e têm côco por cima.
- testo do tacho em vez de tampa
- 8 menos um quarto em vez de de dizer são 7 horas e 45 minutos. A malta não domina as frações de hora e as subtrações
- caço em vez de concha
- tropeça sempre que me sento num banco de cortiça
- pevides em vez de pipas (só conheço as de vinho)
- persianas quando a malta, ao acordar, por estes lados abre os estores
- "pedir os bolinhos" e não pão por deus e a maioria sabe o que é nem significa nenhum dos dois. Os meios mais urbanos americanizaram-se aderindo à moda do "doce ou travessura" [trick or treat] ... abomino!
- Cachopo/a em vez de rapaz/rapariga. Onde o exilibris é a expressão "Raça do(s) cahopo(s)" usada, obviamente, quando a malta tem um comportamento exemplar, os meus alunos são fãs desta, ouvem-na poucas vezes, claramente!
- esturricado em vez de queimado
- pevides em vez de pipas (só conheço as de vinho)
- persianas quando a malta, ao acordar, por estes lados abre os estores
- "pedir os bolinhos" e não pão por deus e a maioria sabe o que é nem significa nenhum dos dois. Os meios mais urbanos americanizaram-se aderindo à moda do "doce ou travessura" [trick or treat] ... abomino!
- Cachopo/a em vez de rapaz/rapariga. Onde o exilibris é a expressão "Raça do(s) cahopo(s)" usada, obviamente, quando a malta tem um comportamento exemplar, os meus alunos são fãs desta, ouvem-na poucas vezes, claramente!
- esturricado em vez de queimado
Devem haver muitas mais, foram as que me ocorreram, e dou por mim a pensar se usarei, ainda, todas as originais ou se já me terei convertido? Analisando, cuidadosamente, o vocabulário dos pequenos, prevalecem, em geral, os originais :)
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