Tem todos os manuais escolares de matemática, livros de exercícios, etc., possíveis e imaginários. Tem um caderno para realizar os exercícios de cada livro, faz os exercícios TODOS de todos os livros, é um autodidata, estuda os temas muito antes do professor os dar na aula, tem milhentas dúvidas, todas elas em exercícios díficeis e complicados, que a maioria dos alunos não resolve. O mesmo acontece na disciplina de Físico Química e Biologia.
Impressiona-me muito esta capacidade de trabalho, quando lhe pergunto "Fazes porque gostas destas matérias e tens vontade de saber mais?Como consegues?" e a resposta é curta, simples e direta: "Os meus objetivos são muito altos, quero entrar para medicina. Tem de ser!".
Apesar de ser um prazer e um desafio ter um aluno assim, há qualquer coisa que me entristece e preocupa nesta sua entrega/demanda. Todo o seu tempo é passado, entre livros e exercícios, e não o faz por especial prazer, mas para atingir um objetivo que se concretizará, na prática, apenas dentro de 3 anos. Nestes 3 anos, a continuar assim, vai perder tanta coisa interessante e importante que é ser tão só e apenas um adolescente, com os problemas e aprendizagens, não menos importantes, próprias da idade.
E, às vezes, ok, quase sempre, apetece-me dizer-lhe "Relaxa!"
Algo me diz, que há "grande pressão" parental nesta sua demanda ... just saying!
Dou comigo a pensar nesta entrevista do Eduardo Sá e a questionar-me se este míudo dará, alguma vez, o grito do ipiranga e a achar que seria tremendamente bom, saudável e ... normal, é tão bom ser normal, seja lá isso o que for!
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