Um ano profissional, particularmente difícil que me obrigou a ver o mundo com outros olhos e a concluir que nem todos devem/conseguem/sabem ser bons pais, nem se esforçam para o ser, me vi forçada a admitir que o melhor para as crianças nem sempre é viver com os pais, onde encontrei pais preocupados mas desesperados, sem saber o que fazer aos filhos que os levam a perder as estribeiras e a razão, onde vi alunos entregues a si próprios, famílias completamente desestruturadas, casos de violência doméstica, alunos visivelmente desequilibrados, onde defendi, com unhas de dentes, alunos meus contra acusações discriminatórias, não comprovada, e difamatórias, por parte da direção da escola, onde me revoltei ao constatar que nem sempre "os alunos são todos iguais" e que ser "filho de ninguém" é tramado porque as "primeiras pedras" são atiradas pela entidade que tem a obrigação de ter como apanágio a equidade e justiça, onde verifiquei que os pais vêm à escola para desabafar e para falar mais de si e dos seus problemas do que dos seus filhos, um ano em que ganhei cabelos brancos... muitos mais do que aqueles que me apetece contar. Os meus colegas dizem-me que com as histórias deste ano podia escrever um livro, eu estou apenas contente de, por uns tempos, poder "esquecer" esta triste e desgastante realidade.
Estes e outros pequenos grandes sinais deixam-me a pensar que algo está profundamente errado... nos filhos, nos pais, na educação, na escola, na sociedade ...
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