Na "Noite dos morcegos", uma iniciativa da Ciência Viva no Verão, voltámos novamente aos Olhos de Água do Alviela e ao Carsoscópio, o Centro de Ciência Viva do Alviela, para observar e aprender mais algumas coisitas sobre morcegos.
(estavam a decorrer obras de requalificação na praia fluvial de Olhos de Água)
A Noite dos morcegos contemplou 3 partes distintas: as duas primeiras decorreram no Centro de Ciência Viva e a última, a observação de morcegos, à entrada da Gruta da Lapa da Canada. Na primeira parte, é feita uma pequena caracterização do local, referência ao maciço calcário e as origem, as espécies de morcegos existentes e os típicos da zona, crenças e mitos sobre os morcegos. Em seguida, realiza-se uma visita ao Quiroptário, uma exposição interativa sobre a vida e o habitat dos morcegos. Na última parte, munidos de lanternas frontais e aparelhos de ultra sons para identificar as várias espécies, faz-se, então, uma pequena caminhada até à entrada da Gruta da Lapa da Canada para observar a saída dos morcegos cavernícolas para caçar.
Entre abril e setembro, época de reprodução destes morcegos, esta gruta chega a albergar 5 000 morcegos de 12 espécies diferentes, algumas delas em perigo. A Gruta da Lapa da Canada é uma espécie de maternidade de morcegos e que podemos observar em direto!
Os morcegos são o único mamífero que voa e são, regra geral, criaturas pouco conhecidas e mal amadas, no entanto, são uma mais valia no controlo de pragas e algumas doenças. Numa noite, cada morcego ingere cerca de metade do seu peso em insetos, sendo que o peso de um morcego, dependendo da espécie, varia entre 7g a 15g. Por exemplo, os morcegos presentes na gruta da Lapa da Canada, numa noite, consumem cerca de 50 kg de insetos. Caçam de noite mas têm uma visão semelhante à nossa, orientam-se emitindo ultra sons que ao "embaterem" nos obstáculos produzem "ecos" permitindo aos morcegos conceber uma "visualização" do espaço onde se encontram.
Em Outubro, ocorre o período de acasalamento, cada fêmea concebe 1 cria por ano, os morcegos continuam a investir na alimentação e acumulação de reservas de gordura para o inverno e começam a concentrar-se nos abrigos de hibernação. No inverno, a abundância de insetos decresce drasticamente e os morcegos entram em hibernação, baixando a sua temperatura e metabolismo geral até ao seu limiar de sobrevivência, poupando energia até à primavera seguinte. A poupança de energia é fundamental durante a hibernação, o que se torna possível através de profundas mudanças fisiológicas: além de baixarem a temperatura corporal, a frequência cardíaca e respiratória também são reduzidas por mecanismos de regulação hormonal. Por exemplo, o morcego-rato-grande, quando se encontra em atividade, tem cerca de 880 pulsações por minuto, em hibernação profunda, o coração bate menos de 20 vezes por minuto.
A perturbação dos abrigos, durante o período de hibernação, poderá ter consequências muito graves. Se a hibernação for interrompida por visitantes, as reservas energéticas são rapidamente consumidas, e os animais podem não sobreviver até à Primavera por escassez de alimento.
Apesar de estarmos em pleno verão, estava um final de tarde frio e muito ventoso, não reunindo as condições ideais para os morcegos saírem do seu refúgio em busca de alimento, mas ainda assim deram um ar da sua graça e em várias frequência (espécies). Mais uma excelente ação da Ciência Viva no Verão!
Nota: As 24 espécies de morcegos existentes, em Portugal, são todas insetívoras. Só, na América Latina, é que existem morcegos que se alimentam de sangue de outros animais, consumindo cerca de 5 ml de sangue, equivalente a 1 colher de chá por dia.