quarta-feira, 22 de julho de 2015

Dica da pimpolha mais pequena!

"Achas que consegues fazer bolhinhas e dar mergulhos tão bem como eu?" pergunta, modestamente, pimpolha mais pequena "Hummmm ... não sei se consigo!" respondo em tom de brincadeira. 
Olha-me intrigada e diz muito séria "Claro que consegues! Só tens de treinar .... muitooo! Treinas e aprendes, treinas e aprendes!" 
É nestes momentos, que percebemos que, apesar de ser (muito) díficil e de todas as dúvidas, é importante persistir em educar, apesar da pequenada resistir, espernear, chorar ..., quando estoicamente insistimos e não desistimos, mais tarde aplicam, na perfeição, quando menos o esperamos, a mensagem que julgámos ter caído em "saco roto" e "devolvem-nos" por palavras suas as nossas.

Porque é que os pais não sabem responder a todas as perguntas?

Encontrei este texto maravilhoso, genuíno e repleto de sabedorias no surpreendente e bem humorado livro "Trocado por miúdos" que ando a ler, em formato tradicional (papel e em português), coisa (muito) rara por este lados :)
Porque é que os pais não sabem responder a todas as perguntas?
"Em primeiro lugar, porque as perguntas são muitas e nem todas têm resposta. Essa é a verdade. Mas também pouco interessa, porque mais importante é saber perguntar. E, a seguir, saber procurar a resposta à questão que se formulou.
Tive um amigo que todos os dias fazia um exercício de humildade: pegava num objeto e interrogava-se como tinha sido feito, com que material, em perguntas cada vez mais difíceis até não saber a resposta. Nesse ponto, parava e ia estudar. Desta forma, aprendia todos os dias uma coisa nova. Um exemplo:

Pergunta: Este objeto é um ...?
Resposta: Copo.
Pergunta: O copo é feito de ...?
Resposta: Vidro.
Pergunta: De onde vem o vidro ...?
Resposta: Do aquecimento a alta temperatura de sílica, que se encontra na areia.
Pergunta: De onde vem a areia?
E assim sucessivamente ...

Não sei se toda a gente tem alguém que admire muito. Eu tenho e chamava-se Richard Feynman. este senhor era um físico que trabalhou com Einstein e que ganhou o prémio Nobel. Além disso, era muito divertido. Viveu no Brasil, onde tocava pandeireta numa escola de samba e se mascarava no Carnaval, coisas que achamos que os cientistas importantes nunca fazem. Escreveu um livro onde disse que, nesse tempo, até bebia de mais, mas parou porque estava a estragar a sua máquina de perguntas, que era o cérebro. Uma vez ele disse uma coisa memorável "Ser cientista é acreditar que os especialistas são ignorantes!" O que ele queria dizer é que nunca devemos considerar uma resposta como sendo definitiva, porque o tempo poderá vir a mostrar que estamos equivocados. Assim, mesmo aqueles que julgamos que sabem tudo poderão estar enganados.
Vivi muitos anos em Nova Iorque, que é uma cidade onde toda a gente faz perguntas e procura respostas. Quando acabei o meu curso de Medicina, o professor mais importante disse-me uma coisa extraordinária: "Metade do que te ensinámos é mentira, mas eu tenho um problema: não sei que metade é essa!" A lição é, mais uma vez, a de que nunca ninguém pode afirmar com toda a segurança que tem a resposta correta, mas todos devemos ir à procura dela. Se calhar, é mais importante fazer a pergunta certa do que saber muitas coisas.
Fico muito contente quando alguém afirma exatamente o contrário do que eu acredito saber. Pode parecer estranho, mas não é. Se essa pessoa tiver razão, eu aprendi uma coisa nova e fico mais rico, não em dinheiro mas em conhecimento ou sabedoria.
A propósito: a sabedoria é mais importante que o conhecimento. A Internet está repleta de conhecimento ou informação, mas não tem sabedoria, pois a sabedoria depende de aplicar o que se sabe de acordo com as circunstâncias e, depois, de pesar muito bem na nossa cabeça qual a informação mais importante. Há quem acredite que a sabedoria só chega depois de termos feito um número razoável de disparates, o que nos leva a outro ponto: não saber ou fazer mal é o primeiro passo para se saber ou fazer bem.
O meu pai dizia-me muitas vezes que a experiência é o que nos acontece, mas o que fazemos com o que nos acontece. Ele queria que aprendesse com as asneiras, que é uma boa maneira de aprender quando elas não são muito graves.
Os pais que não sabem tudo são os melhores, porque são os que ainda querem aprender, e, por isso estão mais perto das crianças. Tenho duas filhas pequenas, apesar de já ter quase sessenta anos. Uma delas espantou-se de eu ser o pai mais velho de todos os pais da turma dela. A mais nova explicou-lhe que isso não tinha importância, porque eu tinha a "memória de infância". Ela queria dizer que eu me lembrava de como era em criança, e quem se lembra de como era em criança não envelhece. Eu acho que ela tem razão, e é uma boa resposta à pergunta: a partir de que idade se é velho? A resposta que ela deu foi: quando deixamos de nos lembrar como é ser criança.
   Vemos assim que o conhecimento se veste de roupas diferentes. Pode-se saber fazer contas, que é uma coisa que se faz com a cabeça, e às vezes com a ajuda dos dedos. Mas também se pode conhecer com o coração, que é o que acontece quando perguntamos a alguém: "Estás triste?", intuímos logo a resposta, porque é o coração que percebe essas coisas.
Não tem importância se um pai não sabe todas as resposta das cabeça, porque conhece de certeza todas as respostas que são dadas com o coração. Eu, pelo menos, acho que é assim. E sei que não estou enganado."                                                                                                                                  Nuno Lobo Antunes 

Uma entrevista muito interessante sobre educação, filhos, família...

Uma entrevista concedida pelo pediatra Mário Cordeiro, ao jornal i, dividida em três partes, onde aborda vários temas: a sua infância, família, percurso profissional e as diferenças que encontra em termos de doenças, nas crianças, nos pais e na educação, ao longo deste 30 anos de pediatria, na primeira parte. Temas como a necessidade e a importância que dá à humanização da medicina numa crítica aberta à postura de superioridade que muitos médicos cultivam na relação, muita vezes inexistente, entre médico e paciente podem ser lidas na segunda parte da entrevista. Na terceira parte da entrevista: as regras, a educação dos filhos e os seus projetos. 
Uma entrevista muito interessante em vários aspetos! Recomendo vivamente a leitura na íntegra, em baixo alguns excertos da entrevista.


"Em termos de doenças, que diferenças se nota mais nas crianças?
Não nos podemos esquecer que somos campeões na redução da mortalidade infantil. Houve uma diminuição do peso das doenças infecciosas e há mais situações crónicas, seja perturbações do desenvolvimento, cancro e as consequências de violência e acidentes. Mas há muito mais problemas de saúde mental, se calhar porque as pessoas ligam também mais a isso, mas não digo só esquizofrenias e neuroses. Há mais casos de crianças que se sentem infelizes, tristes, deprimidas.

Crianças de que idade?
Quatro e cinco. No fundo miúdos deprimidos por se sentirem mal nos seus ecossistemas, mal em casa, muito fechados. São quatro paredes sem casa, no carro, no consultório. E muitas vezes tudo plastificado, mesmo os afectos.

Falta de amor que gera falta de amor-próprio?
Sim. Creio que o nosso discurso de adultos não contribui muito para uma boa auto-estima.

Que idade tinha a criança mais nova que viu com uma depressão?
Já vi depressões em bebés. Um bebé que não seja objecto de afecto explícito corre esse risco. Agora, o ser humano tem uma boa resiliência desde que perceba o que se passou.

Mas como se trata uma criança com depressão?
Primeiro é preciso descobrir o que a deprime, o que a traumatizou, magoou. Isso nem sempre é fácil. E depois é tentar fazê-la ver o lado bom da vida, o que às vezes não é fácil pois é residual. 

Dizia que os adultos podem contribuir para esse fenómeno.
Sim, há duas coisas erradas que fazemos. Uma é criar a expectativa de uma vida maravilhosa que depois não se concretiza. Aquela pressão para ir para o quadro de honra, ter a camisa de marca. A outra coisa é precisamente o contrário, aquela atitude de “escusas de estar a esforçar-te para ser uma pessoa completa porque, das duas uma, ou vais ser um malandro ou a vítima do malandro.” É o que vemos no telejornal: a galeria de horrores em que se salta do malandro, para o assassino, o pedófilo, o ladrão, o corrupto, o mentiroso. Isto não é muito estimulante para quem está a crescer e acho que devemos, enquanto adultos, ter a preocupação de passar um quadro de liberdade do que é a vida adulta. Devemos dizer que há o malandro, a vítima do malandro e depois a terceira hipótese, que é a da generalidade das pessoas. Acho que os adultos se vitimizam um bocado e desfrutam pouco para estar obcecados com o que não têm e isso passa às crianças.

Os pais que o procuram hoje são diferentes de há 30 anos?
Sabem mais coisas. Sempre foram mas hoje assumem-se mais como os primeiros cuidadores dos filhos e os médicos vão perdendo felizmente aquela arrogância, aquilo de se achar que os pais não sabiam nada e o doutor é que era o bom. Antes, se os pais fossem ignorantes, saíam tão ignorantes como quando tinham chegado ao consultório porque nada era explicado ou então os médicos usavam um jargão impressionante. É aquela velha história de dizer ao doente quem tem espondiloartrose e não bicos de papagaio. Espondiloartrose é mais solene e às vezes isto ainda acontece... A medicina evoluiu muito pouco neste sentido.


Os seus filhos mais novos já têm telemóvel?
Já, mas muito limitado – tanto que se esquecem dele. E não têm consolas.
Não pediram?
Pediram e eu disse que não, como disse aos Game Boy dos outros. Mas disse que não sem ser uma raiva cega. Simplesmente achei que seria altamente viciante. Qualquer jogo é viciante e com esse tipo de jogos apetece sempre mais um – seja para continuar a ganhar ou para recuperar da derrota. Sendo uma coisa tão limitada e que não exercita os cinco sentidos, achei que seria muito difícil controlar a fera e decidi que não.
Não pediram?
Cometeu alguns erros?
Sei que por vezes gritei quando não devia ter gritado e posso ter feito um charivari por coisas secundárias. Injustiças ao ponto de vista dos traumatizar creio que não, mesmo que possa ter sido injusto. Mas sempre que tive noção disso pedi desculpa.
E palmadas?
Quando eles eram miúdos – assim com um, dois ou três anos – e não entendiam muito bem a comunicação oral, às vezes usei o enxota moscas. Não tenho problemas nenhuns com isso. Acho que é muito diferente bater numa pessoa, numa criança, na cara – o que é atingir a pessoa – do que dar uma palmada na mão ou no rabo se a criança testa o limite e vai mexer em algo que estamos fartos de dizer que não é para mexer. É preciso mostrar que há limites e tem de haver limites em tudo na nossa vida.
Quais são os maiores erros dos pais?
Medo de educar, medo de traumatizar. Caricaturando, aquela coisa do “se educo agora ele depois ainda se mete na droga”. Não tem de ser nada assim. Na altura os filhos podem ficar abespinhados, mas mais tarde agradecem ter sido educados.
O sentimento de culpa de que falava não dificulta esse exercício?
Sim, mas de facto o triângulo pai-mãe e filho no vértice em baixo é para ser usado. As crianças precisam de sentir que há alguém que sabe navegar o barco se houver tempestade."
Alguns excertos da entrevista do pediatra Mário Cordeiro ao jornal i. 

180 Creative Camp - 3ª edição

A 3ª edição do 180 Creative Camp, teve muita cor, arte e animação, apesar da  e edição terem sido, ou pelo menos parecido a "olho nu", mais "vistosas". 

Projeto de dois artistas colombianos, María Mazzanti e Martín Ramírez, denominado "Domesticity" cujo o objetivo é tornar as ruas da cidade um local de convívio. Recorrendo, entre outras coisas, ao restauro e à pintura de móveis, acessórios e cadeiras antigas, que pertenciam a habitantes da cidade, obtiveram uma composição original e acolhedora.

"Draw yourself in Abrantes". Pimpolha mais velha colocando o seu desenho no correiro, seguido de perto pelos manos.










Ambiente geral de rua e a artista María Mazzanti a recolher os desenhos da pequenada. 

Usando trinta camadas de tinta sobrepostas, Insa, um artista britânico de street art, fez um Gif-iti aludindo à efemeridade da arte, da vida ... do Forever! Insa utiliza as novas tecnologias para "eternizar" as suas obras, bem como para definir o seu estilo muito próprio.  Nas paredes onde "expõe", agora, a sua arte em layers, mais tarde ou mais cedo, alguém voltará a pintar, dando lugar a uma nova sobreposição. 
Nothing lasts forever (o resultado final da sua pintura em layers utilizando um app para o telemóvel)







No seu instagram, Insa confessa que como ainda lhe sobravam um horas e tintas, não resistiu a brindar mais uma parede com um colorida pintura e padrões originais que são uma das suas imagens de marca ... e assinou no caixote do lixo!

Para atrair mais pessoas algumas lojas da cidade aderiram ao Store Art Attack, permitindo que os artistas/criativos decorassem as suas montras, interiores e /ou espaço exterior envolvente!












(Mapa de sabores na Merceneta) 

Durante o dia, no que antes era a livraria da cidade, entretanto fechou, observamos um montra diferente, cheia de circuitos eletrónicos (weird!)... à noite uma belo espetáculo de video mapping!


Houve ainda uma banda a tocar dentro de um "insuflável" em forma de cone de gelado, em homenagem aos deliciosos gelados do Paulo Dias (Gelataria Lis)

Algumas dizeres/ ratoeiras espalhadas pela cidade

Esta é apenas uma pequena amostra do que foi feito, do que é notório para quem circula pelas ruas do centro histórico, pois foram realizado vários workshops, filmes e até uma tomada do castelo. Mais fotografias e vídeos aqui e aqui.
Dizem que para o ano há mais um 180 Creative Camp, em Abrantes! CLAP, CLAP, CLAP, senhora presidente, especialmente porque, infelizmente, investir na cultura e na arte parece ser uma prioridade de poucos, entidades dinamizadoras e do próprio público (mesmo quando é gratuito)! 

E, porque regressamos, alegremenete, à escola em setembro?

Quando ando meio farta, cansada e desatinada com coisas e cenas da escola e me saio com um "Só me apetece é mudar de profissão, estou farta!", excelentíssimo esposo apenas sorri dizendo "Como se fosses capaz ...! Ias morrer de saudades, divertes-te à brava nas tuas aulas e com os teus alunos e nós também a ouvir-te!". Tem, provavelmente, razão em todas a suas alegações...e é verdade que a pequenada meia volta pede "Vá lá conta lá a história daquele teu aluno ...". Mas há dias e dias ...
Enfim ... mais um devaneio meu no blogue Com Regras:  "E, porque regressamos, alegremente, à escola, em setembro?" 

sábado, 18 de julho de 2015

Transporte a Pedido

Em Lisboa e no Porto, a questão que colocamos é se o autocarro ou o metro passam de 5 em 5 ou de 7 em 7 minutos; muitas terras há, em que nunca passa um transporte público dias a fio. Associamos estas terras/realidade ao Portugal profundo onde não mora (quase) ninguém, não podíamos estar mais equivocados. Com a reorganização do sistema nomeadamente,"rede" de saúde e dos tribunais, estes problemas agravaram-se, deixando muitas pessoas com uma única hipótese de transporte: o táxi.
Até 2013, a lei que regulava os transportes públicos, datada de 1948, referia que ao poder central competia autorizar todo e qualquer serviço de transporte público em qualquer ponto do país. Qualquer autarca, no Algarve, Trás-os-Montes, etc., teria que pedir autorização "ao poder central em Lisboa", para na sua terra, que conhece como a palma da sua mão, criar uma nova carreira ente uma aldeia remota e a sede do concelho. 


Em 2012, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) decidiu fazer uma experiência piloto de transporte flexível - Transporte a Pedido - para tentar colmatar os problemas de transportes em zonas remotas. Tendo como base a lei referida anteriormente, um despacho do Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (despacho 7575/2012) foi necessário, para delegar na CIMT, a competência para definir e aprovar os serviços considerados necessários para desenvolver este projeto de transporte flexível, na respetiva área territorial, a título de projeto-piloto. Este despacho foi o preconizador do programa Portugal porta a porta.

Em Janeiro de 2013, arrancou em Mação o referido projeto piloto. Começou com a criação de 5 linhas com centro em Mação (sede do concelho), que cobriam dois terços do concelho, com 2 horários de manhã cujo destino era Mação e 1 horário para regressar depois de almoço.
Mas como funciona este serviço?
Para o passageiro existe um conjunto de linhas e horários bem definidos como em qualquer serviço regular de transportes mas com um funcionamento diferente: o passageiro tem que telefonar, na véspera até às 17h00, informando que pretende usufruir do serviço, indicando a paragem de origem, a de destino, o horário e o número de passageiros.
Na central de reservas, os pedido são registados e para cada nova reserva é calculada a rota ideal (minimizando o número de veículos e de quilómetros percorridos), garantindo o transporte de todos os passageiros e cumpridos os horário anunciados (hora de partida e de chegada).
A origem da denominação Transporte a Pedido advém do facto de o autocarro só ser utilizado se houver pedidos e só realiza o percurso necessário para transportar os pedidos efetuados na véspera. Assegura-se, assim, as necessidades diárias dos utentes, através da reserva, evitando o cenário, em certas zonas de baixa densidade populacional, em que o autocarro circular vazio (ou quase), gastando combustível e poluindo o meio ambiente sem necessidade.
É um transporte flexível porque, na realidade, o transporte nem sempre é realizado por um autocarro; dependendo do número de passageiro a transportar: este pode ser feito por um táxi, por exemplo com 3 reservas , ou um veículo de 9 lugares, se houver 6 reservas.
Existem ainda duas componentes que são uma mais valia para a CIMT como gestora do serviço: todas as reservas são guardadas numa base de dados. Com o acesso e análise da base dados é possível perceber quais os horários e paragens com mais procura e os que não são usados. Se ao fim de 6 meses, um horário não teve procura, é possível ajustar o mesmo para outra hora que seja mais conveniente aos passageiros, provendo o serviço de flexibilidade. Por exemplo, em Mação, ao fim de 6 meses percebeu-se que o segundo horário da manhã nunca era utilizado e que o horário de volta deveria ser mais tarde e, rapidamente, estas alteração foram postas em prática, proporcionando um serviço melhor e mais ajustado às necessidades dos utentes. Dado o sucesso do projeto, ao fim de 6 meses, o serviço foi alargado a todo o concelho com 8 linhas e o número de veículos necessários reduzido (por análise dos dados recolhidos) diminuindo assim de forma drástica os encargos mensais do serviço para a CIMT.
A segunda componente, mais tecnológica, é o contolo através de GPS da hora de chegada e partida das paragem. Sem grande esforço é possível perceber se o serviço contratado está a ser cumprido ou se são necessários ajustes no horário publicado.
Neste momento o serviço já foi alargado aos concelhos vizinhos de Abrantes (zona norte) com 3 linhas e Sardoal com 2 linhas e espera-se que um dia seja estendido ao resto dos municípios da CIMT.

Com este serviço diferente, e com custos controlados para o gestor do serviço, muitas pessoas que nunca tinham visto um autocarro passar à sua porta têm agora um serviço público de transportes à distância de um telefonema.


Links relacionados:




sexta-feira, 17 de julho de 2015

Bravo, Maestro José!

Os trabalhos de férias de verão que um professor (espanhol), de 1º ciclo, 1º ano, recomendou aos seus alunos e respetivos pais. 
Brilhante, de uma sensibilidade e bom senso excepcional! 
Requer continuação e extensão/adaptação aos restantes anos :)  
Por aqui já há muito que fazemos mais ou menos isto!
Encontrado aqui.

Filosofia de rua



quarta-feira, 15 de julho de 2015

"À conquista" das Berlengas

Junto ao cais de embarque o entusiasmo é grande! Pequenada relutante em tomar o comprimido para o enjoo mas, meia hora antes do embarque, não se escapam a engolir Vomidrine, eles e nós; foram muitos os relatos que ouvimos sobre a agitada viagem até à Berlenga. 
Há várias empresas que fazem a travessia de Peniche até à Berlenga, nós escolhemos o tradicional Cabo Avelar Pessoa, o barco maior e o mais barato! Na partida, foi distribuído uma saco preto a cada tripulante, com o aviso "Não é dos dias piores mas nunca se sabe!". Felizmente, ninguém enjoou, pelo menos manifestamente! Mas a travessia é uma viagem que impõe respeito, alguns salpicos, banhos integrais para quem vai no "rés do chão" do barco e as ondas ... batem de frente ou de lado e nem sempre suavamente. Segundo as palavras da pequenada parece uma viagem de "montanha russa" ou no salta montes", coisa onde eles nunca andaram mas deve-lhes ter parecido semelhante. Pequenada teve medo  apesar de só a mais pequena o confessar, o barco bamboleou fortemente! O segredo para não enjoar parece residir em olhar sempre para a costa ou para a ilha, apreciar e desfrutar da vista e da experiência. 
(o elefante da ilha)

(o Forte S.João Batista)

+
(LifeÿBerlengas)

(o farol do Duque de Bragança)





















A única praia, com acesso pedonal, situa-se no Carreiro do Mosteiro, uma falha sísmica que parece dividir, a ilha em duas partes!

As gaivotas de pata amarela, estão aos largos milhares espalhadas pela ilha, apresentando nas últimas décadas um crescimento exponencial. A probabilidade de sermos atingidos por dejetos de gaivota é elevada, nós conseguimos escapar ilesos, o mesmo não poderão dizer os nossos vizinhos do lado! Os vestígios dos seus excrementos encontram-se por todo o lado na ilha e estão a danificar os solos, colocando em causa a subsistência da flora. Como não tem predadores naturais, podem viver até aos 35/40 anos, houve necessidade de implementar medidas para controlar esta "invasão" de gaivotas na Reserva Natural das Berlengas.


A praia paradisíaca com uma água azulinha, límpida e bastante fresquinha. O parque de campismo da Berlenga situa-se na encosta acima da praia, uma vista fantástica, sempre que se sai de "casa". 


Depois de uns mergulhos e o piquenique na praia, decidimos fazer-nos ao caminho - o trilho até ao Forte S. João Batista, 1 km muito duro, começando pela subida da praia até ao farol que é bastante acentuada e longa e, mais tarde, a escadaria íngreme que dá acesso ao forte (cerca de 275 degraus). Encontrámos uns ingleses a meio da subida para o farol que, sorrindo condescendentes, nos disseram "It will be hard on the kids but it´s worth it" e tinham razão. Mas por esta altura, já eles estavam fartos de reclamar, devido à subida íngreme, ao calor e às mochilas às costas e sei lá mais o quê ... queriam voltar à praia e aos mergulhos. Lançamos o desafio "Vamos caçar tesouro?" e logo se ouvi a resposta entusiasmada "SIMMM!". Fazer geocaching é sempre um bom motivo para colocar a pequenada da casa a andar quando lhes falta o entusiasmo. Ligámos o GPS, consultamos as caches que já tínhamos descarregado e a primeira estava mesmo ali ao lado.
Na subida para o farol, alinhado com o Carreiro do Mosteiro, e derivado da mesma falha sísmica, encontramos o Carreiro dos Cações. 
Foi aqui que encontrámos a nossa primeira cache do dia, desfrutando desta vista maravilhosa.


Junto ao farol a vista é de tirar a respiração, a praia, o Bairro dos Pescadores e avista-se ao longe o Cabo Carvoeiro e Peniche! 
Aqui falhámos uma cache, os miúdos estavam com bom andamento e entusiasmados, o terreno era a direito, não parámos antes que perdessem a embalagem. 



(uma gaivota e as suas duas crias)



É impressionante o número de gaivotas existentes na ilha e o ruído que produzem em conjunto, bem como os voos rasantes que fazem junto às nossas cabeças. Pequeno do meio ouviu bem de perto os avisos de um gaivota mãe quando se tentou aproximar para tirar umas fotografias às suas crias.
Há sempre quem decida criar atalhos mas é pedido, expressamente, aos visitantes para não saírem dos trilhos, como forma de preservar a flora e o habitat da Reserva Natural das Berlengas!
Uma espécie endémica que só existe nas Berlengas, Armeria berlengensis. Uma guia turística, com quem nos cruzámos na ilha, referiu que o nome da ilha, Berlenga, derivava da denominação destas plantas. Não conseguimos comprovar esta informação, fica a questão:terá sido a flor a dar o nome à ilha ou vice versa?

A meio da descida, para descansar e desanuviar, já com o forte à vista, e uma escadaria interminável também, fizemos mais uma cache e esta tinha brinde, um Travel Bug :).

O imponente Forte S. João Batista 

(vista de uma das pequenas janelas do corredor que dá acesso aos quarto do forte. Em cima, o bar/restaurante da responsabilidade da Associação de Amigos das Berlengas)


Depois da visita ao forte, na hora do regresso, pequenada está impaciente por voltar à praia e refrescar-se com mais uns mergulhos! Temos três opções: apanhar o "aquataxi" 2€ por pessoa do forte até ao Carreiro do Mosteiro, 5€ por pessoa até ao Carreiro do Mosteiro mas passando nas grutas existentes ou iniciar o longo percurso de regresso. Face a uma pequenada impaciente, recalcitrante e a embirrar fortemente com tudo e com todos, escolhemos regressar a pé para os ânimos acalmarem. Pequenos mais velhos na liderança, imprimiram um bom ritmo, motivados pelo desejo de um belo mergulho, em 30 minutos estávamos a banhos! Às 17h00, o areal da praia no Carreiro do Mosteiro está completamente à sombra e a malta "local" desloca-se para junto do cais, para fazer aquilo que aqui por casa denominamos de "praia a Açores" - mergulhar do "betão para o mar"



Dizem que a viagem de regresso a Peniche é tipicamente muito mais pacífica pois navegamos a favor da corrente. A nossa não foi exceção, nem houve direito a distribuição de sacos no início da travessia, e os pequeno perguntaram insistentemente "E as ondas? Onde estão as ondas?", sentindo, talvez, a falta da adrenalina da viagem de ida. Deixámos para trás o arquipélago das Berlengas (a Berlenga, as Estelas e os Farilhões) com muita vontade de voltar, ao sabor do entusiasmo da pequenada "Foi o melhor dos dias!" para em seguida, adormecerem profundamente no nosso "regresso ao continente"



(bem visível a falha sísmica)

As Estelas e Farilhões

 (Cabo Carvoeiro)

(Forte de Peniche)

Nota: 350 é o número de visitantes, por dia, permitidos na ilha. À chegada e à partida de cada barco um vigilante da natureza do ICNF controla o número de desembarques e embarques. No Inverno, apenas permanecem na ilha os faroleiros e os vigilantes da natureza. As casas dos Bairro dos Pescadores são agora utilizadas para aluguer aos veraneante. 

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