Deambulando no meio dos livros, absorvendo as novidades, sentindo-lhes o peso, o cheiro ao folheá-los, coisa que raramente faço desde que me rendi ao Kindle, este meu prazer foi, abruptamente, interrompido, quando no silêncio da livraria, se ouve em todos os recantos, o diálogo da funcionária com um cliente. "Pois o professor recomendou-lhe esse livro, não temos está esgotado!" "Então e o que é que podemos fazer? Encomendar para a editora?" pergunta o cliente. "Não, a culpa não é da editora, é dos professores que têm que trabalhar mais, não custa nada telefonar para as editoras para verificar se o livro está disponível ou não! Têm que trabalhar mais, basta um bocadinho mais, e prepare-se isto vai acontecer-lhe mais vezes!". O cliente, incomodado, tenta nova abordagem e a resposta volta a ser a mesma "Têm que trabalhar mais os professores!". Saí de mansinho, que não vale a pena uma pessoa irritar-se, e a ladaínha continuava, mas entristece-me profundamente o denegrir da profissão docente. Bitaites chegam de todo o lado, todos faríam melhor e diferente, a questão é quantos ao fim de uma semana a dar aulas, profeririam este tipo de juízo e teriam coragem para voltar na semana seguinte.
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