quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Dramático

O mais duro, constrangedor, dramático momento(s) que já vivi enquanto professora, foi ver a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) em ação: "Não há alternativa, o nosso parecer é a institucionalização da sua filha!" com mãe e filha, frente a frente, sem preâmbulos nem hesitações! Ouvir perguntar, diretamente, à criança, se haveria algum adulto que, na sua opinião, saberia cuidar capazmente de si e a criança não conseguir indicar um único nome, com os olhos marejados de lágrimas que se esforçava por não deixar cair, olhando alternadamente para a mãe e para mim. A incredulidade da mãe, a negação, os argumentos, as desculpas, as promessas ...  
Um desequilíbrio emocional e patológico, de parte a parte, envolvendo violência, automutilição e a recusa, apesar de todos os avisos e diligências tomadas, da urgência de ajuda médica, fazia com que toda a envolvência/historial fosse de alto risco. Efetivamente, também considero que não havia alternativa, tomei as "medidas" que achei necessárias, tendo em vista o bem estar da criança, e que vieram a despoletar este desfecho mas ... doeu-me o corpo e a alma presenciar!
Há crianças, que aos 12 anos e desde tenra idade, já viveram/vivem situações que, para mim, seriam impensáveis, de tão sórdidas e insólitas que são, mas estas suas vivências condicionam a sua forma de ser/estar revelando, muitas vezes, profundos/preocupantes desequilíbrios aos quais não podemos/devemos fechar os olhos. Às vezes, era tão bom fechar os olhos, continuar a viver na "bolha" em que tudo é cor de rosa, e pensar que tudo não passou de um pesadelo, só que este nosso pesadelo é a realidade diária destas crianças. 
Fica sempre a dúvida se terá sido a melhor opção, se não terá escapado alguma outra alternativa, depois de ter sido tudo estudado ao pormenor e até à exaustão ... 
Há momentos, dias, anos e tempos de mer..., este está, sem sombra de dúvida, no topo da lista!

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