sábado, 14 de fevereiro de 2015

O dom da palavra e do espírito ...

Suscitar e captar a atenção de uma assembleia não deve ser tarefa fácil para um padre mas há quem o faça com naturalidade, espírito e boa disposição e, por estranho que pareça, dei comigo, várias vezes, à beira da gargalhada. Com mais de 100 crianças, começou por abençoar os presentes e junto das Irmãs e disse "Vamos lá abençoar as Irmãs, que também precisam, o que é que julgam!". 
No seguimento da missa, face à falta de "resposta" dos "fiéis" numa oração, pega no missal e diz "As Irmãs fizeram este missal com tanto carinho, vamos usar e abusar dele! Estamos na página 4 (no final) e vamos já a seguir para a página 5 e, com a "cábula" à frente, a resposta da assembleia na sua próxima "deixa" foi sonora e o padre exclama "Fabuloso! Excelente!", olha o reforço positivo em ação. Impossível, não sorrir, dado o caricato da situação, que muito diz acerca da (suposta) prática cristã dos "fiéis".
A homília começou de uma forma diferente com uma anedota contada entre padres "Sabem por que razão São Pedro nunca perdoou a Jesus? Porque Jesus curou-lhe a sogra! São Pedro nunca foi capaz de lhe perdoar este feito". 
A homília prosseguiu e em determinado momento, o padre pega ao colo no pequeno do meio, e depois de lhe perguntar o nome, diz "Estão a ver, ele é um santo!", conter o riso foi difícil, para nós, e imagino que para todos os presentes que conhecem a personagem. O que terão pensado as Irmãs que conhecem muito bem a peça? Hummm, fiquei curiosa... "Eu não fui nenhum santo quando era pequeno, a minha mãe que o diga mas sou padre! Isto diz muito sobre o padre que têm à vossa frente (...) sou pitosga, o que só mostra que os padre são pessoas com todos vós e não são perfeitas, têm defeito e às vezes muitos!"
Para terminar deixou a dica "Costumo mediar sessões de terapia familiar, pois sou psicólogo, com casais com problemas e o que me dizem muitas vezes é «Mas eu é que tenho razão.». Ninguém casa por razões, meus caros, mas sim por sentimentos e é isto que nos esquecemos, mutias vezes, devido ao nosso trabalho, ao stress e ao cansaço do dia a dia!".  
Termina dizendo "Ainda dizem que não há milagres, olhem para estas crianças com as suas velas de batismo acessas e reparem que não queimaram um único cabelo seu nem dos colegas do lado nem da frente! Se assim fosse teríamos todos notado". Lembrei-me logo de quando fiz o Crisma, de ter queimado o meu próprio cabelo ... E, realmente, posso confirmar, por experiência própria, que se tivesse acontecido o cheiro não passaria despercebido a ninguém!
Ter o dom da palavra associado a uma sentido de humor apuradíssimo é, definitivamente, uma benção!


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