segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Fada dos dentes


É um ciclo, à pequena mais velha caem dentes e à mais nova nascem dentes em catadupa, escapa o pequeno do meio que já tem a dentição de leite completa. Foi o terceiro dente mas a queda de um dente para pimpolha mais velha é sempre um semi-drama, uma mistura de pieguice, incómodo e medo. O ritual cá por casa quando o dente cai é: à noite, ela coloca-o debaixo da almofada e a fada dos dentes leva-o e deixa uma moeda. Este ritual parece confortá-la talvez pela benesse de ganhar uma moeda para comprar um gelado!

No Alentejo, as crianças costumavam/costumam atirar os dentes de leite para os telhados dizendo "Moiro, Moirão, toma um dente podre e dá-me um são" ou então enterravam-nos. A sabedoria popular diz que se as bruxas encontrassem o dente não saberiam de quem era e por isso não poderiam "apoderar-se da sua alma".

Não há grandes referências sobre a lenda da fada dos dentes nem a que tempo remonta. No entanto, existem algumas bases de sustentação, os Vikings tinham como hábito comprar os dentes das crianças para servirem de amuletos, normalmente em forma de colar, pois acreditavam que atraiam a sorte e o poder no campo de batalha. Na idade média, na Europa, havia uma crença que os dentes de leite continham a alma das crianças e para que não caíssem nas mãos das bruxas, que os podiam usar em feitiços, os pais deviam guardá-los bem ou queimá-los. Superstição e bruxas parecem estar na origem da lenda da fada dos dentes que circula desde o século XX em Portugal, no Reino Unido, no Brasil, Estados Unidos e Canadá. Há países europeus que utilizam a lenda mas não com uma fada mas com um animal, um duende ou um anjo. Em Espanha é o Rato Perez, em França é o Rato La petit Souris, em Itália é o duende Topino e na Catalunha são os anjos que recolhem os dentes.

Seja qual for a forma que assume, as crianças parecem apreciar a lenda e isso é que interessa.
Em baixo está um pequeno filme com a fada dos dentes, com desenhos feitos com lápis de carvão, que arrancou algumas gargalhadas/sorrisos à malta miúda e graúda cá de casa e gerou algumas questões "a fada dos dentes não tem asas?" - pequena mais velha, "ela é de ossos?" - pequeno do meio. E a conclusão foi "mana, este ano apanhamos o Pai Natal e fada dos dentes." - pequeno do meio. O rapaz é de ideias fixas, determinado diria a sua educadora! Eufemismos, digo eu, muito teimoso é o que ele é, mas fofo :)!


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